“Mas, nas próximas semanas, os embarques devem permanecer fortes. O trigo russo recuperou sua vantagem competitiva graças ao aumento mais rápido dos preços na União Europeia”, disse Andrey Sizov, analista da SovEcon. E acrescentou: “as tradings estão apenas aumentando os embarques até o fim de 2021 para ganhar uma fatia maior da cota. As cotas individuais serão distribuídas pelo governo russo com base nas participações nas exportações em julho-dezembro de 2021 e não se sabe como será no começo do ano que vem”.
Argentina
Nesse tabuleiro global, o Brasil continua muito dependente da Argentina, origem de 80% das compras. E, sem problemas climáticos no país vizinho - que deverá exportar o recorde de 13,5 milhões de toneladas em 2020/21, 13,4% mais que em 2019/20 -, os preços é que podem ser os vilões da temporada. Com o dólar e os preços em Chicago elevados, a tonelada do cereal foi negociada entre 1º e 20 de novembro, em média, por US$ 299, com perspectiva de chegar a US$ 315 em fevereiro e a US$ 323 em junho, de acordo com a consultoria T&F.
No mercado interno, levantamentos da T&F feitos em campo mostram que a colheita será mais próxima de 6,4 milhões de toneladas, bem abaixo da última previsão da Conab, de 7,68 milhões. A seca no Rio Grande do Sul no período de enchimento de grãos, seguida por excesso de chuva na época do amadurecimento, fizeram a consultoria cortar sua previsão de colheita no Estado de 3,2 milhões para 2,6 milhões de toneladas - ainda 15% acima do ciclo passado. No Paraná, a colheita deve cair 9%, para 2,8 milhões.
“O preço do trigo está subindo no período de colheita, o que mostra que as perspectivas continuam de alta no começo do ano que vem”, afirmou Luiz Pacheco, da T&F. Ou seja, não serão as massas, pães e bolos que aliviarão os índices inflacionários no país nos próximos meses.