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Abitrigo . quinta-feira, 2 de julho de 2020
Sistemas de monitoramento são aliados para melhora da eficiência reprodutiva dos rebanhos leiteiros

Evento online promovido pela Allflex reuniu especialistas do setor e produtores para falarem de suas experiências com uso de tecnologia de monitoramento e como os sistemas tornaram-se fundamentais para a manutenção do manejo diário nas fazendas

Quem atua com pecuária de leite sabe que o lucro de uma fazenda passa obrigatoriamente pela reprodução. Vaca prenha é sinal de que a atividade está sendo eficiente e, consequentemente, aperfeiçoa o negócio, tornando-o cada vez mais viável. No entanto, reduzir o intervalo em que as vacas ficam vazias é um dos desafios que os produtores enfrentam, seja pela dificuldade de observação de cio ou pela falta de eficiência do manejo reprodutivo.

Esses aspectos estiveram em discussão no encontro online promovido pela Allflex, líder mundial em identificação e monitoramento animal, que teve como tema central o “Uso de recursos de inteligência animal e o impacto na eficiente produtiva”. O webinar reuniu especialistas no setor de pecuária de leite e produtores, que puderam mostrar como a tecnologia de monitoramento é uma aliada no manejo diário das fazendas trazendo a otimização da atividade e melhores ganhos financeiros.

Segundo o médico-veterinário e professor Carlos Antonio Fernandes, especialista em reprodução bovina, num cenário altamente favorável, de dez vacas inseminadas, quatro ficam prenhas. Ele estimou o prejuízo estimado que cada vaca não emprenhada pode custar ao produtor. “A eficiência reprodutiva passa pelo esforço para reduzir a quantidade de tempo em que as vacas ficam vazias. O custo diário de uma vaca vazia raramente vai ser menos que R$ 5 por dia. Ou seja, aquela vaca que perdi o cio é como rasgar uma nota de R$ 100, pois o intervalo mínimo para que eu possa inseminá-la novamente é de 20 dias”, apontou.

“Onde mais se falha em eficiência reprodutiva é evitar ou não conseguir reduzir o tempo que as vacas ficam vazias. E essas vacas que não ficam gestantes demoram muito a serem reinseminadas. Por isso, os dispositivos de monitoramento têm muito a ajudar, tanto em saúde como na reprodução de vaca. É uma ferramenta que, se bem utilizada, pode ser espetacular e tem um potencial de melhorar muito a reprodução”, ressaltou.

Leite orgânico e tecnológico

Para falar sobre como o monitoramento animal auxilia na antecipação de soluções e na produtividade sob o ponto de vista do produtor, participaram do evento os pecuaristas de leite Maria Beatriz Dotta e Mario Dotta, da Fazenda Recreio, localizada em São Carlos (SP).

Em 2003, Maria Beatriz assumiu os negócios da família com apenas oito vacas que produziam 80 litros de leite. De lá pra cá, a produção só cresceu e em 2017, eles entraram para a produção de leite orgânico, em que é necessário se cumprir uma série de regras, como: pastos e lavouras sem químicos e uso restrito de medicação alopática e hormônios nos animais. Por isso, o sistema de monitoramento se tornou um aliado para identificar possíveis doenças no rebanho e intervir de forma antecipada, se necessário.

“Pelo fato de fazermos a produção orgânica, deve-se evitar ao máximo o uso de antibióticos para combater doenças, a não ser que seja estritamente necessário, porque implica em descarte de leite e uma série de custos que temos que arcar e protocolos a seguir. Nesse quesito, o sistema de monitoramento nos ajuda a identificar se há algum problema pela queda de ruminação”, relatou Mario Dotta.

O produtor exemplificou com um caso em que recebeu um alerta de queda de ruminação de um animal e pôde intervir de forma rápida. “Apartamos o animal que estava em pasto, fornecemos comida e tudo voltou ao normal, sem precisar de interferência médica. Se fôssemos esperar para agir no ‘olhômetro’ não sei o que poderia ter acontecido com aquela vaca. Ela poderia ficar sem ruminar por algum tempo, causar problema maior e este é um dos episódios que o software nos ajudou”, contou.

Atualmente a propriedade conta com 103 animais monitorados 24 horas por dia. “Como não usamos IATF ou outro tipo de protocolo, somos obrigados a observar cio e o sistema auxilia muito e nos mostra qual animal está em cio. Este tipo de alerta nos ajudou bastante”, completou.

Melhores taxas de concepção e redução das perdas embrionárias

Com 450 animais lactantes, o produtor de leite Ronald Rabbers, proprietário da Fazenda Rhoelandt, em Castro (PR), relatou sua experiência após a adoção do sistema de monitoramento.

Segundo ele, um dos problemas recorrentes da atividade era encontrar mão de obra qualificada para trabalhar com leite todos os dias, especialmente aqueles que têm habilidades para ver e entender o comportamento animal, e são proativos em reportar problemas precocemente. De acordo com Rabbers, com o sistema de monitoramento, o trabalho não fica exclusivamente dependente do funcionário.

 “O sistema melhorou muito as taxas de concepção, que aumentaram cerca de 12% e as perdas de prenhez aos 30 dias tiveram redução de 13%. É preciso entender que não basta apenas colocar o colar de monitoramento nas vacas, mas, sim, saber agir com as informações que o sistema dá no dia a dia”, disse.

Outro fator que o produtor mencionou é sobre o bem-estar animal. “Hoje, quase dois anos e meio depois da adoção da tecnologia, nossas vacas estão muito mais tranquilas e menos ariscas. Isso significa que ninguém mais ‘corre atrás de vaca’ e elas mantêm o seu ritmo constante. Isso porque o primeiro item é o conforto do animal: não adianta oferecer a melhor cama, ter o melhor barracão, se quem a leva para ordenha faz na gritaria e na correria. Notamos que esse fator do manejo também melhorou muito”, finalizou.

Em sua apresentação, a médica-veterinária e Coordenadora de Território e Suporte Técnico da Allflex, Brenda Barcelos, demonstrou como o sistema de monitoramento funciona de forma prática, ágil e com interpretação visual simples. “O dado chega para o produtor sem precisar de uma grande interpretação. Com essa informação é possível, por exemplo, saber qual é a nota de cio desse animal e ainda qual é a janela de inseminação. Dessa forma, é possível se programar na propriedade para o melhor horário para inseminar o animal”, explicou.

O encontro online contou ainda com a participação do gerente de monitoramento Latam da Allflex, Luciano Lobo, como mediador do evento.

O conteúdo completo pode ser acessado em: https://www.youtube.com/watch?v=cCd7V-8MMLM&feature=emb_title