A Arena do Conhecimento “Tecnologia e Sustentabilidade” do ABINEE TEC 2017 debateu nos dois primeiros dias estratégias e práticas inovadoras para empresas, governos e entidades atuarem em projetos de logística reversa, integração, sustentabilidade e economia circular. A discussão ocorre em uma das quatro ilhas temáticas instaladas no âmbito da FIEE, que acontece até o dia 28, no São Paulo Expo.
Os debates na Arena de “Tecnologia e Sustentabilidade” tiveram início com o painel “Regulamentação da Logística Reversa na Cadeia de Eletroeletrônicos”, que contou com a participação do gerente do Departamento de Resíduos Sólidos da Cetesb, Flávio de Miranda Ribeiro e foi conduzido pelo diretor de Sustentabilidade da Abinee, João Carlos Redondo.
O representante da Cetesb falou sobre oportunidades de negócios com vistas a uma economia que contemple, além do reuso, da reciclagem e da recuperação de equipamentos, o desenvolvimento de produtos e soluções mais sustentáveis e versáteis para atender às novas demandas. “Com isso você aumenta a eficiência de recursos e reduz o impacto no meio ambiente”, disse Ribeiro.
Ele destacou a importância do diálogo entre a esfera pública e a indústria e apresentou a estratégia do governo estadual para um plano de Logística Reversa de diferentes produtos, que teve início em 2010, e prevê ações para os próximos oito anos. Ribeiro apontou uma mudança no comportamento do setor, que, em sua opinião tem se mostrado mais proativo e atento às imposições legais. Ele afirmou que o Estado de São Paulo, por exemplo, tornará mais rígidos o controle e a fiscalização para aqueles atuam à margem da lei.
O diretor de Sustentabilidade da Abinee criticou o excesso de regulamentações, leis e normas fiscais relacionadas à logística reversa de eletroeletrônicos. “Nós temos uma cultura de que basta uma regulamentação e as coisas se resolvem, mas não é por aí”, afirmou.
Redondo lembrou que a indústria eletroeletrônica, por meio da Abinee, tem participado ativamente das discussões em torno da Política Nacional de Resíduos Sólidos junto ao governo federal e de acordos setoriais estaduais. Nesse sentido, a Associação concebeu uma solução colaborativa: a criação da gestora GREEN Eletron, que reúne fabricantes do setor e responde pela gestão da logística reversa de seus produtos. “Nosso objetivo foi justamente o de harmonizar todos os atores envolvidos: governo, comércio, consumidor final, distribuidores, importadores e fabricantes”, disse. “Assim propomos uma solução que seja mais barata a todos e que possa trazer sinergia ao processo, pois nenhuma empresa, por maior que seja, consegue cumprir 17% de coleta em cinco anos, com 4,7 mil pontos de recebimento”, observou o diretor, em referência ao edital de chamamento Edital de Chamamento 01/2013.
Inclusive a própria FIEE possui dois pontos de coleta de equipamentos eletrônicos de pequeno porte, como computadores, impressoras, celulares, notebooks, tablets que serão encaminhados para reciclagem. A iniciativa faz parte do Projeto “Descarte GREEN” da GREEN Eletron.
Ao apresentar como os conceitos de economia circular podem auxiliar as empresas na logística reversa de eletroeletrônicos, João Carlos Redondo mostrou como isso implica em novas concepções de parâmetros de consumo e de produção. “As empresas devem começar a pensar em produzir já pensando no final de vida do produto”, salientou o diretor de Meio Ambiente da Fiesp e de sustentabilidade da Abinee. O painel contou com a apresentação de projetos inovadores de economia circular, como a Exchange4Change, a primeira rede global de transferência de conhecimento dedicada ao Brasil para a materialização da economia circular, e o projeto de reciclagem de cartuchos da HP Brasil.
A conferência “Tecnologia e Sustentabilidade” na Arena do Conhecimento da FIEE teve ainda debates sobre os desafios fiscais, jurídicos e financeiros da Logística Reversa de produtos eletroeletrônicos.