Produtora rural defende a prática dos pilares de educação e ESG e a modernização do campo
Modernização da produção rural e adoção dos pilares de educação e ESG no campo são bandeiras que a embaixadora da região Nordeste, Ani Sanders, pretende apresentar, entre outros assuntos, no 9º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), que será realizado nos dias 23 e 24 de outubro, no Transamerica Expo Center em São Paulo (SP).
Gaúcha de Carazinho, mãe de três filhos e quatro netos, desde 2001 Ani adotou o Piauí como morada, onde reside na Fazenda Progresso, em Sebastião Leal, quase na divisa com o Maranhão. A vida no campo faz parte da sua história desde os 20 anos, quando casou e trocou a cidade natal por Primavera do Leste, no Mato Grosso do Sul, onde o casal tinha uma fazenda. “Tenho 65 anos e estou há 45 no agro. Essa evolução do setor faz parte da minha vida”, afirma.
Ani tem formação técnica em Decoração e Paisagismo, e usou seu conhecimento na Fazenda Progresso, famosa pelos jardins planejados e considerada uma das mais bem estruturadas do Brasil, com certificação internacional pelas boas práticas socioambientais.
Apesar de já estar “aposentada”, o tempo de Ani é totalmente preenchido com muitas atividades “fora da porteira”. Responsável pela área de bem-estar das suas propriedades – alojamentos, refeitório, lavanderia, pracinhas de convivência e jardins – ela hoje desempenha papéis muito importantes para as mulheres do agro. Além de embaixadora do CNMA pelo terceiro ano consecutivo, Ani é presidente da Comissão das Mulheres da Federação da Agropecuária do Estado do Piauí, presidente do Instituto Cultivar Progresso, coordenadora do grupo Mulheres que Fazem Progresso, integra a Comissão Nacional das Mulheres do Agro (CNA) e é fundadora do Movimento Mulheres de Fibra, que promove a integração de mulheres envolvidas na cadeia produtiva.
“Eu me estruturei para me permitir viver esse momento. Quero inspirar mais e criar condições para as mulheres do Nordeste terem mais acesso a esses movimentos. Quero romper esse grau de timidez porque a nordestina é um pouco tímida ainda em relação aos grandes centros. Então, quero motivá-las a participar do CNMA, para se encontrar nessa conexão grandiosa que esse evento proporciona”, destaca.
Para a produtora rural, é importante que as mulheres do agro assumam seu protagonismo, porque o setor ainda tem um certo preconceito com o universo feminino comandando os negócios dentro da porteira. “Em vários momentos eu ainda sinto um desconforto, mesmo tendo sido sempre fui muito bem acolhida por meu parceiro Cornélio. A gente se integrou numa pessoa só, fazendo tudo junto, e deu muito resultado. Quando ele ia a reuniões, por exemplo, que eram apenas de homens, ele me levava junto. Muitas vezes eu era a única mulher presente, além das recepcionistas. Então, eu escutava, absorvia e pegava para mim as coisas boas e as que não eram boas, mas sabia muito bem lidar com isso”, conta.
Para estimular as mulheres a serem mais participativas, Ani começou a convidá-las para o Dia de Campo na sua propriedade. Ela lembra que nas primeiras vezes aparecia uma, ou então chegavam duas, que então eram premiadas. A partir daí, ela criou um evento só para mulheres que acabou sendo um sucesso. “Hoje nosso Dia de Campo é muito forte e cumpre esse papel com a mulher e com os produtores, tudo junto e integrado. A gente conseguiu se integrar nesse movimento, mas foi uma ‘ginástica’”, observa.
Modernização e ESG
Para a produtora, o papel da mulher é exercer uma liderança e mostrar que ela pode contribuir para o processo. No Congresso, ela quer mostrar a importância de as mulheres se modernizarem e se basearem nos pilares que hoje norteiam o agronegócio, que são a modernização do campo, a educação e os princípios de ESG (meio ambiente, social e governança).
“O mundo está moderno e muito exigente. A mulher tem o compromisso de adotar esses pilares e com isso gerar riqueza. Por isso é tão importante a liderança de mulheres no agronegócio. Podemos fazer toda essa roda de movimento, de transformação com projetos que contemplam toda essa cadeia. Eu me vejo nesse momento essa mulher que quer deixar algo inovador e empreendedor e ter esse olhar governamental, para que o governo veja que a gente transforma. É isso que vou levar para o Congresso, essa mensagem de inovação, de transformação e fazer esse protagonismo da mulher acontecer em toda a sociedade, em todas as associações, federações e assim por diante”, finaliza.
Região Nordeste em Números
A Região Nordeste possui o maior número de estados do Brasil, sendo formada por Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe, que juntos formam uma população de 54.644.582 de habitantes, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022. Em função de suas diferentes características físicas, a região é dividida em quatro sub-regiões: meio-norte, sertão, agreste e zona da mata, tendo níveis muito variados de desenvolvimento humano ao longo de suas zonas geográficas.
As principais atividades que marcam a economia do Nordeste são agricultura, pecuária, produção de mercadorias industrializadas e o turismo. A economia nordestina, medida pelo índice de atividade IBCR-NE do Banco Central do Brasil (Bacen), avançou 3,2% no 1º trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior, superando o índice nacional de 1% de crescimento. Com esse resultado, o Nordeste foi a região que mais cresceu no nível de atividade econômica no Brasil, feito que não ocorre desde março de 2015.
O maior congresso global de mulheres do agronegócio
As inscrições podem ser realizadas pelo site www.mulheresdoagro.com.br/inscricao/
Mais informações podem ser acessadas em www.mulheresdoagro.com.br e pelo Instagram do evento @congressodasmulheresdoagro.