Independência leva para o evento cliente sueco de carne e italiano de couro para integrar a cadeia produtiva da carne bovina
O Independência S.A., uma das grandes indústrias de carne bovina in natura apresentou na Conferência Internacional de Confinadores – Interconf, que se realizou de 15 a 18 de setembro, em Goiânia (GO) o Pecuária 360°, nome dado ao programa de integração da cadeia produtiva desde a seleção genética, em parceria com a Alta Genetics, até a distribuição da carne com o label sabor de respeito.
O Programa 360° está sendo organizado a partir das informações coletadas pelo Serviço de Atendimento ao Pecuarista (SAP) e seus programas de classificação de carcaça e couro, que bonificam o pecuarista pelo desempenho. Com eles, o Independência tem estruturado um importante banco de dados sobre a pecuária nacional, sua produtividade e qualidade. Esses indicadores coletados na indústria, se analisados de volta no campo, podem aprimorar a qualidade da matéria-prima oferecida e que se tornará produto de qualidade para o consumidor.
“Partindo do princípio de que a indústria é o gargalo de demandas que vêm tanto dos produtores quanto do consumidor, a parceria Pecuária 360º toma a iniciativa inédita de organizar a cadeia produtiva da qual o Independência é o liquidante real, concreto e instalado com uma demanda anual de 3,6 milhões de cabeças/ano com a capacidade diária de abate de 12 mil cabeças que deve ser atingida até o final de 2008”, explica o gerente de Suprimento de Matéria-Prima do Independência, Eduardo Pedroso.
O Programa Pecuária 360o está didaticamente dividido em duas fases. A primeira é o planejamento com o produtor a partir do retorno das informações da indústria para o campo, o que possibilita análises feitas sob medida para cada caso. Relatórios do desempenho de abate das propriedades mostram aos pecuaristas a importância da gestão empresarial. A segunda etapa é o envolvimento com o consumidor, que consiste em levar a informação da produção para a gôndola. “Se a qualidade vem do campo, temos que contar a historia da carne, ou seja, esclarecer a procedência do produto ao consumidor: garantir a origem e o processo de nossas atividades assegurando que elas têm sabor de respeito”, afirma a gerente de marketing do Independência, Carolina Barretto.
Para concretizar essa primeira fase, estão sendo estabelecidos convênios de cooperação técnica com associações de criadores e confinadores e empresas do segmento de nutrição animal e melhoramento genético.
Um dos parceiros desse programa é a central de inseminação Alta Genetics, que gerou o Programa Alta Beef Genetics, cuja meta é estimular o melhoramento genético do gado de corte por meio do teste de progênie na indústria. Os animais são acompanhados desde a inseminação artificial e o nascimento para preservação da paternidade. Ao final do processo, os dados de abate retornam para a matriz de avaliação genética dos touros de central. A avaliação de reprodutores pelo desempenho de progênie na indústria permite um planejamento da seleção, cria, recria e engorda focada nos mercados consumidores. Esse projeto multiraças de integração da cadeia produtiva envolve o pecuarista, empresa de suprimentos, frigorífico e instituições financeiras para viabilizar os investimentos, quando necessário.
Com a Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) foi firmada uma parceria por meio da qual o Independência bonifica em 1% a mais no valor da arroba dos animais certificados pelo Programa de Qualidade Assegurada Assocon (PQA) quando o mercado em questão for a União Européia.
“É o caminho de integração com empresas pecuárias igualmente geridas e certificadas sob conceitos de boas práticas administrativas e governança: da genética bovina ao curral do frigorífico, com planejamento mínimo de uma geração futura (5 anos). A encomenda das características da matéria-prima (gado de abate) será definida a partir do ventre da vaca, ou seja, com o planejamento de concepção do bezerro de corte. Esta será a pecuária corporativa, cada vez mais profissional, integrada à indústria. Este é o momento de dar um passo adiante e buscar o amadurecimento comercial, com uma ação integrada entre agricultura, pecuária, indústria, governo e mercado consumidor”, afirma Pedroso.
Os objetivos dessa integração da cadeia produtiva são otimizar a rentabilidade da produção, acessar novos mercados e profissionalizar o relacionamento entre o frigorífico e o pecuarista, que deixa de ser visto como cliente e passa a ser um fornecedor da indústria. “Por isso, a expressão 360°. Um giro que retorna ao ponto de origem, que após a reflexão deste movimento, tem-se um conceito mais moderno, mais profissional. A proposta é exercitar o raciocínio e visualizar a cadeia produtiva da carne bovina como algo circular, em movimento contínuo, uma verdadeira rosca sem fim”, conclui Eduardo Pedroso.
Integrar consumidor e produtor
Para concretizar essa integração da cadeia produtiva da carne bovina e mostrar ao setor produtivo as demandas dos consumidores, o Independência convidou para o Interconf dois de seus principais clientes internacionais: Mikael Olsson, representante da marca sueca de carne Flodins, e Andrea Lighezzolo, grande comprador de couro da Itália.
Mikael Olsson reafirmou o grande desejo do mercado europeu, em especial o sueco para a carne brasileira. “Além da qualidade da carne produzida no Brasil, na Suécia temos um motivo a mais para consumir esse produto: nossa rainha é brasileira e o povo se orgulha em comer carne produzida no Brasil”, declara. A linha Flodins é formada por porções de cortes nobres que atendem famílias de até quatro pessoas típicas da Escandinávia. Mesmo com um consumo per capita de carne de 26 kg/ano considerado baixo em relação ao do brasileiro, o consumo sueco ainda é um dos maiores da Europa. Diante dessa demanda real, Mikael demonstrou seu real desejo de crescimento do volume da carne brasileira exportada para a União Européia.
Andrea Lighezzolo, gerente de vendas da Conceria ALA, grande curtume italiano que atende especialmente produtores de móveis, indústria automobilística de alto nível e bolsas como, por exemplo, da marca Bodega Veneta, pertencente ao Grupo Gucci, veio ao Interconf para conhecer melhor o setor produtivo brasileiro e explicar aos produtores a necessidade de se preocupar com a produção de um couro de qualidade por meio de um manejo adequado. “Existe demanda para um couro de qualidade e estamos dispostos a pagar mais por isso”, garante Andrea. Ele citou o programa de classificação de couros do Independência que bonifica o produtor que apresenta um couro de qualidade como uma forma de estimular o aumento do volume de couro apto a atender às necessidades de seus clientes europeus.