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Sinafer . terça-feira, 26 de março de 2013
Setor de ferramentas, artefatos e utensílios de ferro e aço encerrou o ano abaixo da indústria em geral

A produção no setor de ferramentas, artefatos e utensílios de ferro e aço encerrou o ano de 2012 com um declínio de 9,5%.

A produção no setor de ferramentas, artefatos e utensílios de ferro e aço encerrou o ano de 2012 com um declínio de 9,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A queda na atividade é bem mais acentuada do que o recuo de 3,5% verificado para a indústria em geral, conforme demonstram os dados levantados pela PIM-PF (Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os números refletem o processo contínuo de desaceleração que o setor vem sofrendo desde setembro de 2011, interrompido somente em março de 2012, quando a produção conseguiu atingir um crescimento de 19% no mês. A indústria de ferramentas foi a que sofreu a menor retração, 02%, graças ao resultado positivo conquistado pela produção de ferramentas industriais, de 8,3%, bastante superior ao de ferramentas manuais, que teve retração de 7,7%. Já no grupo da indústria de usinagem houve um declínio de 10,5% na produção, puxado principalmente pela retração de 21% na fabricação de partes e peças para a indústria de máquinas e equipamentos e de 11,4% na fabricação de partes e peças para a indústria automobilística. O recuo só não foi maior porque a fabricação de partes e peças para a indústria de bens duráveis apresentou um acréscimo de 23%, contribuindo com o resultado geral da indústria de usinagem. Para o grupo da indústria de artefatos, utensílios e ferragens de ferro e aço foi observado um declínio menor, porém também significativo, de 6,9% no ano de 2012 em relação ao mesmo período do ano passado. A fabricação de utensílios de mesa teve o pior resultado entre os que compõem este grupo, tendo se contraído em 9,2%. A fabricação de artefatos e ferragens para a construção civil teve uma queda de 6,7%, enquanto a fabricação de utensílios para uso doméstico recuou 0,1%. Com estes resultados o número de novos postos de trabalhos gerados no ano de 2012 foi de apenas 1587, registrando um contingente total de 310 mil trabalhadores no setor. A maior retração da empregabilidade foi identificada no grupo da indústria de ferramentas elétricas e pneumáticas, que chegou ao índice de -286%. No que diz respeito à influência do comércio exterior no setor, as importações de ferramentas totalizaram US$ 2,093 milhões ou 168 mil toneladas, representando um crescimento de 1,5% em valor. Em contrapartida, o volume de exportações de ferramentas brasileiras contabilizou US$ 645 milhões em produtos e 48 mil toneladas, o que indica uma diminuição de 13,2% no valor exportado e de 13,1% em peso nos nove primeiros meses de 2012, também em comparação com o ano passado. De acordo com Milton Rezende, presidente do SINAFER, sindicato que representa o setor junto aos órgãos governamentais defendendo reivindicações de ordem técnica e econômica, este cenário tem colocado o Brasil em uma condição de colônia. “Hoje o grande problema enfrentado pelo nosso setor é o que chamamos de ‘desindustrialização do Brasil’, já que as fábricas nacionais têm importado a maior parte de seus componentes, moldes e peças, colocando em desuso as nossas ferramentas”, argumenta. Rezende destaca que as empresas do setor estão deixando de fabricar ferramentas, alegando que em decorrência do “custo Brasil” – caracterizado pelos patamares insustentáveis em que o dólar e os juros estiveram durante o ano, além do elevado custo da mão de obra – as mesmas deixaram de ser competitivas perante os produtos importados. Desta forma, as empresas, principalmente as multinacionais, acabam substituindo suas fábricas por grandes Centros de Distribuição. “Com o encolhimento do mercado interno após a crise da Europa, Estados Unidos e Japão, os fabricantes de ferramentas desses países têm exportado para o Brasil com preços que talvez estejam muito próximos de seus custos de produção. Só assim eles garantirão volume e, consequentemente, o emprego de seus cidadãos. Mas estão, em contrapartida, desempregando os brasileiros”, conclui Rezende.

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